A COUTADA DAS TOUPEIRAS
Toupeiras, sim, há toupeiras
Por todo o lado escavando,
Deixemo-nos de brincadeiras
Que os frutos vão minguando.
Não há terra sem toupeira.
Se a toupeira escava-a-terra
Vai-se logo a sementeira
Neste mistério qu´ encerra.
Só se conhece a toupeira
Pela míngua da colheita,
Muito grande é a canseira
E o prejuízo não se aceita.
Por boa que seja a semente
E o suor escorra no rosto
Fica danada toda a gente
Pelo inesperado desgosto.
Toupeiras sempre há-de haver
Em profissões imprevistas
Enquanto uns sonham crescer
Outros são oportunistas.
Há quem se queixe do Sistema
E de buracos insustentáveis
Mas ninguém ataca o problema
P´ las migalhas aproveitáveis…
Haja toupeiras ou não,
Há-de sobrar a cobardia
De mascarar a corrupção
Que se “topa” à luz do dia.
Da justiça já nem se fala
Mas conhecem-se os labirintos
E um silêncio se instala
Domesticando os instintos.
Se não há “árbitros” capazes
De controlar o sistema
Ponham-se máquinas audazes
E regulamento que não trema.
O que vemos é muito feio
E nisto ninguém põe a mão
Surgem os amigos do alheio
Debaixo de cada alçapão.
E assim vai esta coutada
Numa imparável viagem
Mas com o risco de entrada
Por um pantanal selvagem.
Ninguém se queixe depois
Se o sol não for para todos
E co´ a bruma em vez de sóis
Haverá azares e maus modos!
Frassino Machado
In ODIRONIAS