SEM PAGAR ALUGUEL
Era uma noite fria
Um bichano num telhado
Bem tranquilo e acomodado
Quase jazia de frio.
I
Então ao passear terminou por lhe visitar
Uma velha lacraia moradora
Daquele combalido telhado
E que podia também li picar.
II
O bichano bem esperto
Esperou ela se aproximar
E com os olhos avivados logo perguntou:
O que a senhora faz aqui essa hora
III
Senhora lacraia!
Tens novidades para mim?
Queres falar-me alguma coisa?
Se for então conte tudo agora.
IV
A lacraia que rastejava depressa
Ao um outro destino e que se deparou com ele.
Parou tão de repente que parecia
Ter freios bem aguçados.
V
E com medo do bichano
Foi logo dando uma desculpa.
É que venho saber se o senhor
Está com frio nessa noite tão gelada:
VI
Não porque os meus pêlos
É uma bela proteção, ouviu, sua chata?
É então o senhor desculpe-me se tirei seu sono.
De repente eu sou queria te ajudar.
VII
E seguiu o seu destino rastejando
Como se estivesse murmurando
Contra aquele sagacioso bichano
Que sentindo a sua visita maldosa
VIII
Maliciosamente retrucava:
Queres entrar na minha vida pregressa!
Mas eu não lhe dou vez,
Portanto fique no seu espaço
Que eu fico no meu, ouviu senhora lacraia!
IX
Chamam-me de gato
Salto alto,sou bonito, sou manhoso
E como esperto que sou
Durmo em qualquer telhado sem pagar aluguel.
JOSÉ ANTONIO SILVA DA CRUZ
Salvador-Ba, 09 de março de 2018.