Nem santo nem diabo

Eu amarro touro bravo

Seguro vento na mão

Carrego água na peneira

Dou tiro em assombração

Eu ando em corda bamba

Falando no celular

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar

Eu dirijo carro sem direção

Prendo mosquito em gaiola

Aparto briga de leões

Tampo o sol com uma sacola

Eu engulo brasa acesa

Sem me queimar

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar

Eu dou carreira em onça

Faço a terra tremer

Converso com os mortos

Faço pedra amolecer

Eu bato o escanteio

E corro para cabecear

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar

Eu dou nó em pingo d'agua

Pego fogo com a mão

Dou murro em gume de faca

Faço parar relâmpago e trovão

Eu passo por dentro d'agua

Sem me molhar

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar

Eu atravesso paredes

Benzo padre e pastor

Durmo com serpentes venenosas

Como se estivesse com um corbertor

Eu bebo veneno

E não consigo me envenenar

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar

Eu surro caboclo valente

Faço mulher brava amançar

Desminto mentiroso

Aleijo quem gosta de se pabular

Eu pulo sem paraquedas

Do trigésimo quinto andar

Não sou santo não sou diabo

Mas atendo pelo o que me chamar