"Morte e vida felina"
O poema abaixo tem como fonte de inspiração um fenômeno inusitado que está ocorrendo em Presidente Venceslau, interior paulista, onde moro. Curiosamente o cemitério local está contando com um aumento substancial na população de gatos. Segundo relatos, pessoas abandonam gatas acompanhadas dos seus filhotes na necrópole, numa demonstração clara de falta de carinho e respeito com os animais. Os bichanos somam um contingente populacional de aproximadamente duzentos felinos. O tema pode ser considerado uma tragédia cômica ou uma comédia trágica, aí vai do ponto de vista do leitor. Eis os versos:
"Morte e vida felina"
Abandonado no cemitério,
Isso é o cúmulo!
Veja que problema sério...
Abrigo-me em um túmulo!
E neste fechado condomínio,
De moradores silenciosos;
Conquistamos o domínio,
Pois estamos numerosos!
Estes são nossos aposentos,
Não adianta ficarem zangados!
Já estamos em duzentos...
Não somos "gatos pingados"!
Vagamos no campo santo,
Sentindo sede e fome...
Nosso miado é o pranto...
Do felino que não come!
Esperamos contar com a sorte,
Torcemos que ela não fuja...
E para driblar a morte,
Dividimos uma coruja!
Não temos sete vidas,
Como dizem os humanos,
Com tantas noites sofridas,
Duraremos poucos anos!
* O Eldoradense