Herança Maldita
De agregados e parentes
Não se conhece ninguém
Até que parta o abastado
E deixa de herança, uns vinténs
O bem querer se evapora
A rivalidade se instala
E o respeito vai embora
Cada qual tem mais motivos
De querer a maior parte
Nesta hora de discórdia
Manter a paz é uma arte
Jaz no leito o falecido
Espera por um caixão
A todos ele já conhece
Ciente de quem merece
Receber o seu quinhão
Depois do adeus ao finado
Mal o esquife é baixado
Se despedem do vigário
Pro cartório vão correndo
Pra fazer o inventário
A viúva enlutada
Assiste a tudo calada
Desfizeram a amizade
Filhos, netos e cunhadas
Por um parco vil metal
Que só alimenta a vaidade