ZÉ BIGODE E A MORENA
Zé Bigode gracejava pelo bairro
Enchia seus pulmões de prepotência
Pensava consigo em saliência
Ou mesmo a confiança que era seu afago
Zé Bigode era famoso mentiroso
Se envergonhava dessa maldita alcunha
Mas naquele dia tudo isso era coisa miúda
Diante do fato que lhe deixara fervoroso
Na padaria, pela manhã, viu tão bela morena
Que lhe olhou três vezes sem pensar
E na terceira se pôs a piscar
Para o velho homem de postura serena
Zé Bigode não se aguentou em si
Tinha que correr para alguém contar
O fato de uma morena lhe piscar
Era uma fofoca que tinha que fluir
E para todos do bairro contou
E com uma inspiração sem igual
Com detalhes fora do normal
Contou o que aquela morena lhe causou
A gargalhada se espalhou rapidamente
E ninguém sabia como falar de um jeito natural
Que estava fora de sintonia aquele canal
Que o Zé Bigode construiu rapidamente
Zé Bigode ficou sem reação
Quando lhe falaram que a morena sofria
De um caso incomum de miopia
E que piscava muito sem disso ter noção
A fama do velho mentiroso cresceu
E até o bigode de seu rosto se envergonhou
E o velho rapidamente se retratou
E por mais de duas semanas desapareceu