O corpo
O corpo
Triste fim para um ser
Um corpo jogado ao chão
Inerte sem vida
Pronto à perecer
Nem sequer um movimento
Ainda moço jogado ao relento
Aquele pedaço de carne
Matéria que o tempo dissipa deteriora e estraga
Era só carne alimento dos vermes
Adubo pra terra que dela sempre fez parte dum mesmo pó
Onde ontem sujara teus pés
Com ira deste mesmo reclamastes
Lá está o corpo dele apenas
Reference o morto algo sujo
Onde muitos com escrúpulos
Nem sequer ousa tocastes
Eu era teu irmão ,primo ,esposa, pai ,tia ,mãe ,filho gente amada
Do teu coração, talvez não
Aqui deitado me torno
Não grato um estranho não convidado
Talvez um penetra, um estrangeiro
No meu estado
Alguns por mim choram
Outros riem
Ouço piadas até engraçadas Bobos não valem nada
Esquecem do morto nesse corpo
Na sala no caixão
Olha aonde está viúva
Tem sempre uma grande multidão de bons Don Juan
E outros tantos fanfarrões
Que bebem o morto com gosto
Que desculpa meu irmão
Quer beber faz à festa longe do meu caixão só falta cantar
E por essa merda de vela pra
à minha mão queimar
Odeio à fita amarela arre
Sei estou morto pra quer tanta reclamação
Mais no meu estado o que me resta então sem falar daquele velhinha
Não lembro dela
Porque tanto chorar
Será que devo à ela ou errou de caixão
Uma coisa estou livre do almoço
Com à sogra ufa ! livre então
Tomara que aquela peste
não morra
Pra que não me venha
atrás que pessoa chata,
Vaca acredito que viria aqui comigo
Neste caixão só pra me infernizar
E fazer aquele relatório de toda às minhas aprontações
Só terei saudades de meu amor
Da gelada do bar
Dos amigos
Da pelota do domingo
Até dos churrascos que falhou
Das coisas boas da vida
Que aqui se finda
Nesse simples corpo que aqui deitado
Estão só uma coisa realmente
desejaria
De todo coração
Que um irmão abrisse este caixão
E em alta voz fizesse à minha última homenagem aos berros
Pra não restar dúvidas
Levanta-te homem
Que o danado de morto não tem nada
Apenas se embreagou
Acorda safado além de bêbado
e descarado
Falei ele acordou...
Ricardo do Lago Matos