O FUNERAL DO GRANDE PAI

O grande Pai morreu.
Comoção nas ruas soteropolitanas.
O que será do povo
sem a voz de sotaque marcante,
sem a presença coruscante,
sem o gingado axé
do grande Pai?

Ele tinha a mão pesada,
ele tinha o olhar feroz.
Ele era sempre o primeiro
a entrar no escaler.
Ele era biônico,
ele era biotônico
e com muito assombro
reunia o povo ao seu redor!

Quantos inimigos ele teve,
o grande Pai soteropolitano?
Muitos.
E a todos mandou calar a boca!
E seus cascudos, como doíam.

Chora a Bahia!
Choram os cantores de acha-que-é music!
Chora Ivete, chora Durval!
Caetano lamenta o fim
do grande coronel...
Um dia, todos morrem, não é?
Choram as putas de Jorge Amado...
e os velhos militares,
saudosos da Redentora!

A última do grande Pai
foi virar santo,
segundo dados da Globo.
Como é que pode?
Estamos muito mal de santidade...