Profissões
Quando cresci, resolvi
Ver coisas que nunca vi.
Então decidi ir viajar,
mas fui sem dinheiro
e sozinha para o estrangeiro.
Tive que ir trabalhar.
Comecei como adivinha
para não voltar à terrinha.
Mas com a vida tão oscilante
e eu a andar tão ambulante
consegui uma vida mais segura
e fui para a agricultura.
Mas era uma vida dura
e preferi sair da rotina
e fui para bailarina.
Até que me afastei
já que não gostei.
Fui cozinhar como ajudante
Mas era tão fatigante
Que fui para um antiquário.
Mas aí era tão solitário
Que passei a vendedora
E até fui uma boa prestadora.
Mas preferi ajudar num dentista
que era muito altruísta
mas não passava dum arrivista.
Fui então para cantora
mas como não era a autora
só punha dinheiro a perder
e ficava era a arder…
E duma forma simplista
Eu tornei-me coralista.
Também abri uma florista
mas como não tinha sócio
Logo fechei o negócio.
Entretanto fiz uma conquista
E arranjei um futebolista.
Mas ele não esteve para me aturar
e depressa me pôs a andar!
Depois conheci um fuzileiro
que mais parecia um pistoleiro.
Achei-o tão foleiro
que voltei a viajar
só para não o apajear.
E fui para uma padaria
mas só lá fiquei um dia.
Preferi a agronomia
mas não tinha autonomia.
Entretanto não me contive
e namorei um detetive.
Bem que me entretive
mas conheci um investigador
que mais parecia um doutor.
Mas o grande mostrengo
era muito mulherengo.
Conheci um bombeiro
mas de pouco dinheiro.
Até que apareceu um esquiador.
Mas era tão caluniador
Que preferi um baterista.
Mas ele era tão sadista
que juntei-me a um calceteiro.
Mas ele era tão alcoviteiro
que preferi um cambista.
Mas saiu de tal forma calculista
que atirei-me a um alfaiate
e lá começou outro engate.
Convidou-me para costureira
mas achei uma doideira.
Fui então para encadernadora
mas estava lá uma ditadora
que me fez ir embora.
E o que eu arranjei agora
foi um lugar de governanta.
Mas não sei se adianta,
porque não gosto de prisão.
Prefiro atender ao balcão.
Mas atendi um soldado
muito bem acabado,
e, logo que o visualizei
a ele me aferrei.
Mas ele só me queria gozar
e andava-se a alcoolizar
que o troquei por um serralheiro.
Só que ele era tão agoureiro
que tive que desistir.
E com ele sempre a discutir
atirei-me a um fiscal.
Mas ele era tão radical
que conheci um comediante.
Eu achei-o tão hilariante
Que acabei por me apaixonar
E com ele fui casar.
Agora sou muito feliz
e até tenho um petiz!