LEILÃO

Um certo rei Fernando, aqui disse,

aos súditos cativos pelo voto,

prisioneiros do querer da maioria,

e esta analfabeta, povo roto:

- Privatize, privatize, privatize.

O monarca diz ser contra o bem comum.

E a Vale, quanto vale? - Não, nenhum.

A Cosipa a Usiminas ? - Pouco, pouco ...

Muito breve vão dizer que eu sou louco,

por querer e aguardar a epifania.

Protestando ao Cabedal, assim falei:

- Neste Reino onde tudo tem albor,

privatizam o trabalho e a própria lei.

Mas a fome, a miséria, há quem queira?

E a panela vazia tem valor?

Vende tudo, bota fora. O Brasil é chão sem dono,

ao sabor de quem quiser, sucumbido ao abandono.

E se salve quem puder !

Precisamos de saúde, nem educação se tem.

Brasileiro não se iluda, este chão é seu também.

A Rainha apavorada, já não sabe muito bem

se é verdade do criado que ele a vendeu também.

Desmedido, vende tudo, sem nos dar apelação.

- Abram mão do usufruto, privatize esta opção.

E quando não tiver mais nada, leiloemos a nação.