O fim

Numa conversa à maneira

Cavaqueava com minha mãe

Sobre mortes corriqueiras

E vegetativas também.

A ela fiz-lhe um pedido

Que a deixou admirada

Se me visse em estado vegetativo

Me desligasse a tomada.

É que se forem máquinas

Que me façam sobreviver

Por favor minha mãe!

Eu não quero vegetar, prefiro morrer!!!

Com uma lágrima teimosa,

Mas cheia de admiração

E numa atitude corajosa

Não me soube dizer não.

Foi-se ao cabo da consola,

Do tablet e televisão

Não esqueceu o telemóvel,

E o computador também não

Aquele amontoado de fios

Ela arrancou de repente.

Seguiram-se mil arrepios

E eu deixei de ser gente

Neste caso de filicídio

Seu amor não se pode negar

Capazes de nos darem a vida

Mas também de nos apagar.

Lorde

**********************

Realço a gentileza do Poeta Jajá de Guaraciaba

O fim é um bom começo

É um novo nascimento

Só não sei se eu mereço

Que me desliguem o equipamento

Lorde
Enviado por Lorde em 07/05/2016
Reeditado em 07/10/2016
Código do texto: T5628197
Classificação de conteúdo: seguro