PESCA NOTURNA
João queria pescar em uma noite quente
Saiu apressado e não escovou o dente.
Pegou a sacola e o anzol
Esqueceu as minhocas no paiol.
Correu demais e tropeçou na pedra
Gritou de dor como quem quebra
Um dedo, uma perna, um braço.
Ele é forte, é homem de aço.
Embaraçou na grama
Pensou que era sua fama
De conquistador e amoroso
Nesta parte ele é bondoso.
Passou pela cerca de arame farpado
Lembrou que era tarado
Com peixe frito
Até deu grito.
Espetou o pé no espinho
Andou até de gatinho.
Não desistiu da pescaria
Voltar era porcaria.
Sentou-se no barranco quebrado
Lembrou que esqueceu o arado.
O barranco quebrou
Então ele se molhou.
Com raiva e desgosto
O mês era agosto.
Foi embora
Para voltar em outra hora.