Lamento de um maratonista
Ah se Deus me desse um meio
Pra correr veloz no chão
Não a cascos de jumento
Mas a cascos de alazão
Tudo seria mais fácil
Evitaria o tormento
Da derrota vergonhosa
Da lerdeza de um jumento
Mais fácil tudo seria
E ganharia o troféu
Se eu não fosse igual um asno
Mas igual a um corcel
Pois eu corro maratona
E a vitória vai pro ralo
Pois Deus me quer de jerico
E não me quer de cavalo
Se eu fosse um sangue inglês
E não fosse um pé-de-pano
Venceria a maratona
E ganhava todo ano
Eu teria assim uma vida
Mais legal sem sofrimento
Bem tratado igual corcel
Sem sofrer igual jumento
Mas só há uma saída
É penoso, o meu lamento
Aceitar essa verdade:
Eu não passo de um jumento