Verão Absurdo
Inexplicável esse tempo prisioneiro
Que repele sua vontade de ser gente
Que compele a realidade deprimente
Da térmica truculência do brasileiro.
Esse sol não é batizado desde noventa
O melanoma se contempla derradeiro
Como o inferno fosse um desfiladeiro
E até a chuva em greve não nos representa.
Gostaria que os deuses escutem a amargura
O povo adora se lapidar na praia impura
A espera de compadecer de sua desesperança!
Não há ar condicionado que assim assegura
O brasar condicionado desta temperatura
Onde o dilúvio aparece como única esperança.