Verão Absurdo

Inexplicável esse tempo prisioneiro

Que repele sua vontade de ser gente

Que compele a realidade deprimente

Da térmica truculência do brasileiro.

Esse sol não é batizado desde noventa

O melanoma se contempla derradeiro

Como o inferno fosse um desfiladeiro

E até a chuva em greve não nos representa.

Gostaria que os deuses escutem a amargura

O povo adora se lapidar na praia impura

A espera de compadecer de sua desesperança!

Não há ar condicionado que assim assegura

O brasar condicionado desta temperatura

Onde o dilúvio aparece como única esperança.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 01/01/2016
Código do texto: T5496917
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