ELZA MARIA
Elza Maria
Absorto em meus pensamentos, soltos,
Passeio por dentre impróprias recordações.
Na presença de quem hoje me incomoda e tanto,
Mal conselheira, pior companheira, tu, solidão.
Sinto no ventre um contínuo e incômodo arrepio,
Sede? Fome? Sedes quem esse mal provocas,
Por culpa dessa, que agora comigo invoca,
Justo quando piso nessa terra agreste, seu torrão?
Ou não? Mas indolente insistes. Vai e volta
em andar frenético várias vezes, inconseqüente,
Turbilhando meus já desajustados pensamentos,
Embaralhando tudo, em minha mente.
De ancas arredondadas e pernas perfeitas,
permite-me antevê-las, macias certamente,
e à minha frente tê-las, num arroubo maior
ao alcance de minhas mãos, nervosas, carentes.
Elza Maria me olha novamente, diminui o passo,
Vou, não vou! Fico indeciso, titubeante,
ainda que não seja um homem lasso,
por mais que a deseje, sigo relutante.
E continuas ao meu lado, provocante!
Ah, Imbecil! Agora estás em mal pedaço!
E num bote, dominante, atiro-me a ela,
− Vou jantar-te Galinha D’Angola,
meu Capote...à cabidela!
D’ après um cacarejo Dr. Gilberto Fernandes
Urias Sérgio de Freitas