O PALCO DOS MILAGRES

“A apetência pelo Poder”

Quando há dinheiro disponível

E palcos p´ ra discorrer

Fica sobejamente visível

A apetência pelo Poder.

Movem-se os bons sentimentos

Com virtudes de qualidade

E apresentam-se argumentos

De virtuais moralidades.

Contam-se votos adquiridos

Em consultas eleitorais,

Uns amanhados outros fingidos

E quem sabe quantos mais.

Nesta vil aldeia global,

Por entre o ter e o haver,

É da praxe tradicional

Abrir-se o jogo do poder.

O poder da competência,

O poder do compromisso,

O poder da emergência

E o poder do bom serviço.

Fazem-se juras de lealdade,

Com cortesias e afagos,

E, com toda a frontalidade,

Concorre-se aos lugares vagos.

Os cidadãos de boa-fé

Acreditam sinceramente

Que quem bem fala bom é,

Desta sorte, é cá da gente.

Boas-palavras, boas receitas,

É mesmo o que a gente quer

Pr´ às coisas ficarem direitas

Qu´ haja dinheiro, se houver…

Baila um discurso bem terno

Nos ouvidos do cidadão

Venha lá, pois, o governo:

Se houver dinheiro têm razão.

De São Bento, o Parlamento

Joga circo aos ziguezagues,

Palavras leva-as o vento

Neste palco dos milagres.

Há espinhos em todas as rosas

Neste país de ideias loucas.

Quanto a receitas milagrosas,

As boas curas são poucas.

A boa-fé cega as almas

Quer queiramos, quer não,

Mas ali batem-se palmas

Mesmo estando em aflição…

Os Maiorais todos se derretem

Volteando por entre flores,

Nem aquecem, nem arrefecem

E o País nos estertores!

Frassino Machado

In ODIRONIAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 16/10/2015
Código do texto: T5416526
Classificação de conteúdo: seguro