Penso, logo existo (Sócrates Etílico num surto alcoólico)

DA SÉRIE: As neuras expostas da Poesia Satírica

PERSONAGEM: Sócrates Etílico, o bebum filósofo

MONÓLOGO: Penso, logo, existo!

DISCURSO I : Papo-cabeça de um bêbado que surtou

AUTORA: Carmen Nalério

PENSO, LOGO, EXISTO...

Do homem da pólis

e senhores feudais,

Até os dias atuais,

O homem antropológico, lógico,

É um corpo e tem um corpo:

Um corpo que fala,

Um corpo que sente,

Uma mente que mente

E depois desmente

Insiste e jamais desiste

Só pra provar que EXISTE!

Penso, logo, existo.

A bem da verdade,

Eu, enquanto pessoa,

Ente, agente, criador e criatura,

Nesta realidade intangível,

Dual, cruel, nua, e crua,

Me igualo aos meus iguais

Com minhas falas geniais.

Em verdade, em verdade, vos digo:

Tudo é relacional,

Porque o homem é racional.

E, porque o homem é racional,

Tudo é razão pra descrer,

Pensar, repensar, refazer...

Quisera poder responder

Sem nenhuma hesitação,

Fecharia esta questão

Da ânsia do Conhecer

Mas a sede do Saber

Não esgota a Saciedade...

Ansiedade...

Ansiedade...

Ansiedade...

Onde encontrar a verdade?

Só sei que nada sei!

E quanto mais sei,

Nada sei... nada sei... nada sei...

Questionar é preciso

Viver é preciso.

Preciso pensar.

Pensar pra viver

Viver pra aprender

Preciso beber

Beber pra esquecer...

Esquecer o quê?

Já nem me lembro mais!...

Espero chegar o dia

Em que o sentido da razão

Ou da esquizofrenia,

Esquizofrenia, realidade, dicotomia

Preciso de outra cerveja.

Santa Cerveja!

Me proteja!

Quem sou eu?

Onde está o garçom?

Você é garçom?

Chama o garçom, por favor

Me ... chama... o ... garç...o...m!

Garçooooooommmmmmvvvvvvvvvv^^^^^^^~~~- -------...........

(parada cardíaca)