O BANHO DE ROSE
Ao cair da tarde, Rose acende velas coloridas
Para dar um toque especial ao ambiente.
Afinal, sua tarefa foi bem cumprida,
E ela merece um bom banho quente.
Enche a banheira, coloca sais de banho,
Usa uma toalha para o pescoço descansar,
Mas antes prende o cabelo castanho
Para a água não o molhar.
Imersa em espuma cheirosa,
Ouvindo um som interessante,
Rose sente-se poderosa
Mesmo após um dia estafante.
De olhos fechados, rende-se ao torpor
Que vem do som, da água, do momento.
Esquece inclusive do seu pavor:
Que é ficar presa em engarrafamento.
Em seu sonho, Rose é uma bela rainha,
Com direito a relaxar,
Até que alguém toca a campainha.
“Quem é o chato que vem atrapalhar?”
Como a pessoa parece que desiste,
Rose volta a dormitar,
Mas ela não imagina o final triste
Que está prestes a começar.
A porta do banheiro se abre, com barulho,
Para sua digníssima patroa entrar.
E Rose ainda tenta dar um mergulho
Para não se deixar apanhar.
A madame voltou mais cedo,
Da viagem pela serra.
E Rosemeri, agora com medo,
Sente-se prisioneira de guerra.
A mulher está uma fera
E com toda razão.
O emprego de Rose já era,
Não há mais solução.
Rose pega o ônibus lotado e
Depois o trem na Central.
Vai pensando no que deu errado
Ao seguir seu mapa astral.
Sua vida é trabalhar
Com uma só regalia:
Seu luxo é poder sambar
Nos quatro dias de folia.