O BANHO DE ROSE

Ao cair da tarde, Rose acende velas coloridas

Para dar um toque especial ao ambiente.

Afinal, sua tarefa foi bem cumprida,

E ela merece um bom banho quente.

Enche a banheira, coloca sais de banho,

Usa uma toalha para o pescoço descansar,

Mas antes prende o cabelo castanho

Para a água não o molhar.

Imersa em espuma cheirosa,

Ouvindo um som interessante,

Rose sente-se poderosa

Mesmo após um dia estafante.

De olhos fechados, rende-se ao torpor

Que vem do som, da água, do momento.

Esquece inclusive do seu pavor:

Que é ficar presa em engarrafamento.

Em seu sonho, Rose é uma bela rainha,

Com direito a relaxar,

Até que alguém toca a campainha.

“Quem é o chato que vem atrapalhar?”

Como a pessoa parece que desiste,

Rose volta a dormitar,

Mas ela não imagina o final triste

Que está prestes a começar.

A porta do banheiro se abre, com barulho,

Para sua digníssima patroa entrar.

E Rose ainda tenta dar um mergulho

Para não se deixar apanhar.

A madame voltou mais cedo,

Da viagem pela serra.

E Rosemeri, agora com medo,

Sente-se prisioneira de guerra.

A mulher está uma fera

E com toda razão.

O emprego de Rose já era,

Não há mais solução.

Rose pega o ônibus lotado e

Depois o trem na Central.

Vai pensando no que deu errado

Ao seguir seu mapa astral.

Sua vida é trabalhar

Com uma só regalia:

Seu luxo é poder sambar

Nos quatro dias de folia.

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 11/08/2015
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