Sinal aberto

Sua bênção bom humor,
esta dádiva divina
que me tirou da latrina,
onde o diabo quis me pôr.

Cheirando a cocô fedido,
que até o sexto sentido,
da mãe do cão rejeitou.

A droga da depressão
foi me apertando no laço,
foi me puxando pra baixo,
me atolando no chão.

Desafinou meu compasso,
anunciou meu fracasso,
adormeceu meu tesão.

Não fosse o meu bom humor,
esta dádiva divina,
e estaria na latrina
vestindo merda à rigor.

Dançando pela descarga
daquela bacia larga,
volatilizando o fedor.

Um cheiro forte e azedo,
cheiro de morte e desgraça,
de quem cuspiu a cachaça
que a goela arrotou no dedo.

O cheiro do pensamento
que espalhou pelo vento
a vil fragrância do medo.

Meu bom humor, obrigado,
por eu ter rido do tédio,
não ter que tomar remédio,
nem procurar um culpado...

ter vencido a depressão,
saído da contramão
sem furar sinal fechado.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/07/2015
Reeditado em 18/07/2015
Código do texto: T5315717
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.