Comichão
Dona Ana aflita
Não sabia descrever
O mal-estar que sentia
Nem como lhe valer.
Eram pachos da ervanária
Na água quente de se lavar,
Mas nem a dieta diária
Suavizavam o seu penar.
Ao doutor lá recorreu
Pois seu homem já refilava
E depois se convenceu
Após zanga complicada.
Diga me cá dona Ana
O motivo do seu sofrer…
Se não me contar onde é
Não a posso socorrer.
Ai doutor que vergonha,
Como lhe hei-de dizer
Que é por baixo da saia
Mas não sei como descrever.
Por baixo da saia, onde?
Especifique por favor,
Onde esse mal se esconde
Que a faz carpir de dor.
É um ardor na “perseguida”
Que dá uma coceira danada,
Mas que farei da minha vida
Se a coisa fica inquinada.
Não se apoquente senhora,
Trataremos dessa infecção
Após este tratamento
Ficará sem comichão
Resultou o tratamento
Que o doutor lhe receitou
Bem melhor que o linimento
Com que antes se esfregou
Ainda assim, dona Ana se lamenta,
Pois do mal ficou curada
Ao ver que a sua “perseguida”
Ser já tão pouco acossada.