ZICA OU CHICO CUNHA?
O corpo ardia em febre
Já não se aguentava de pé
A cabeça doía, as mãos tremiam
Era uma ânsia de vômito constante
Anorexia, calafrios, uma prostração
Que dava até dó.
No quarto do hospital árabe, o infeliz
Delirava, enquanto alguns parentes
Palpitavam outros apenas, seguravam
A sua mão.
Até que lá de perto da porta
Alguém sorridente gritou: É a “Zica”
A enfermeira mais que de pressa
Contradisse o diagnóstico.
Que “Zica” que nada!
Rasgo o diploma se chegar
Qualquer coisa diferente
Que “Chico Cunha”.
No leito, o paciente quase esboçou
Uma gargalhada... Tolos, sabem
De nada, inocentes! - Não vêm
Que é a dor de uma saudade
Que não quer largar
Do meu peito?
Em seus delírios de amor
O doente murmurava
Enemanid Arabrab
Por favor, volte!
Volte pra mim.