# PURAQUÊ

Esbarrei numa beira de rio andando atoa,

vendo nele umas águas que nunca acaba,

sentei cansado debaixo de uma embaúba,

calculei : Por aqui deve ter muita piaba.

Me sai do nada um pescador meia pataca

dizendo ter uns peixes frescos para vender.

olhei uns lá e virei e pra ele desconfiado.

nada de traíra, piau ou lambari, só puraquê.

Aqui só trago peixe mais apurado na iguaria.

pescado medido e pesado de um jeito métrico.

portanto logo ali naquela baiazinha com água,

tenho de especial um esguio peixe elétrico.

A fama de mentiroso descarado de pescador,

me tirou só na hora a vontade de comprar,

dizem que tem pescador que só de mentira,

a barriga do sujeito de vazia pega a inchar.

Mas juntando interesse e o tutu que eu tinha,

falei: mostra ai o tal, pra mim é novidade,

É esse que eu vou levar já pra janta de hoje.

Vê se anda ligeiro que ainda vou pra cidade.

Embrulhou lá, um de bem uns dois quilos,

mais feio que urutau matado a bodoque,

num papel e pensei: to sendo embrulhado.

Pois ele tava vivinho mas não dava choque.

Cutuquei meio ressambiado e nada de carga

descarregado feito a bateria do meu fusca 62

falei esse não levo o peixeiro bravo retruca:

tu quer pra dar choque ou comer com arroz?

Pra comer mas quero ver o o que levo ai,

ter peixe por lebre eu prefiro comer cuscuz,

com uma peixeria lhe abri a barriga e vi.

sem pagar já atrasadas, três contas de luz.

Formulada a partir do Betão (José Roberto) de Antônio Carlos, MG, quando contava uma anedota para um grupo de habitantes da cidade de Pedro Teixeira, MG no encontro regional de violeiros.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 19/05/2015
Reeditado em 27/05/2021
Código do texto: T5246843
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