LIVRE ARBÍTRIO

Liberdade, liberdade, dai-me o poder da escolha

Impeçai que o juízo encabrunhado me acolha.

E faça qual aguardente que o cachaceiro arrolha,

Não quero passar a vida protegido numa bolha.

À tudo que me interessa o desalmado diz não,

Não corra, não fume, não beba, não caia em contradição,

Ah não perca a cabeça, ah escute a razão,

Não se zangue, não esqueça de manter os pés no chão.

Desde seu surgimento tenho sofrido um bocado,

O siso impede que eu erre apontando-me o pecado,

A consciência agradece mas o corpo é amortizado,

Reivindico meu direito de ser desajuizado!

Estou farto e satisfeito dessas recomendações

Tudo que tenho feito é controlar minhas emoções,

Por mais que eu queira dispor á outras inclinações

A voz do juízo ecoa me recordando as lições.

Atendei-me liberdade, ao menos deixe uma pista,

Ou terei de recorrer á um plano masoquista

E buscar meu livre arbítrio com um outro especialista

Pois sem demora eu agendo um horário com o dentista.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 02/05/2015
Código do texto: T5228487
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