ÁGUA NO CABULETÊ


Disseram que fugí da arca de Noé
chegaram a me apelidar de Pererê,
nunca agiram comigo numa boa fé
atiçaram em mim o bando de bassê.
Sei que na vida não fui nunca ebaré
mas não joguei em ninguém o dendê.
Não entro em chaminé
não bato em chipanzé
pago certo meu carnê.

Falaram que sou mais feio que jacaré
por isso não me levaram no karaokê,
chamaram para o terreiro de candomblé
onde não me ofereceram nem um pavê.
O que salvou foi uma dúzia de picolé
dei um jeito pulando a cerca do bufê.
Na cozinha do chalé
me negaram canapé
não ligaram a tv.

Me deixaram longe, vargem de Tremembé
e me mandaram pedir água no cabuletê,
estava cansado para ir na praça da sé
minha sorte foi a garrafa de vinho rosê.
Tive que dormir lá num rancho de sapé
não explicaram o motivo, nem o porque.
Gosto dum chevrolet
mas ando no pangaré
quando atrás do cachê.

 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 01/03/2015
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