POEMA DO ZÉ CARAÇAS
Na minha meninice tive um amigo do caraças.
Trazia para a escola uma bola do caraças
E, claro, nos recreios, pequenos com´ o caraças
Todos jogávamos, jogávamos, pra caraças.
Na terra conheciam-no como o Zé Caraças.
Morava numa casa, longe com´ o caraças,
E os pais dele diziam que ele era do caraças
Mas, quando se zangava era mau pra caraças.
A jogar bola, ele era mesmo do caraças,
Nos pássaros e no berlinde era do caraças
E na escola era bom no engate com´ o caraças
Tão bom qu´ a professora mandava-o pro caraças.
Um dia, os dois, tivémos umas férias do caraças
Numa praia nortenha, boa pra caraças,
E o Zé, como nadava bem com´ o caraças
Quis ir nadar mas o mar estava mesmo do caraças.
Ao vê-lo aborrecido, perguntei-lhe: ó caraças,
Que se passa contigo qu´ estás do caraças?
- Eu quero lá saber. Co´ este frio do caraças,
Nunca na vida m´ apanharão cá, caraças.
Pois, deixa lá ó Zé! – Deixa lá, o caraças,
Só volto aqui quando estiver um sol do caraças
E, se esta vida não fosse boa com´ o caraças
Não me veriam mais, ou não fosse eu o Zé Caraças!
Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS