POEMA DO ZÉ CARAÇAS

Na minha meninice tive um amigo do caraças.

Trazia para a escola uma bola do caraças

E, claro, nos recreios, pequenos com´ o caraças

Todos jogávamos, jogávamos, pra caraças.

Na terra conheciam-no como o Zé Caraças.

Morava numa casa, longe com´ o caraças,

E os pais dele diziam que ele era do caraças

Mas, quando se zangava era mau pra caraças.

A jogar bola, ele era mesmo do caraças,

Nos pássaros e no berlinde era do caraças

E na escola era bom no engate com´ o caraças

Tão bom qu´ a professora mandava-o pro caraças.

Um dia, os dois, tivémos umas férias do caraças

Numa praia nortenha, boa pra caraças,

E o Zé, como nadava bem com´ o caraças

Quis ir nadar mas o mar estava mesmo do caraças.

Ao vê-lo aborrecido, perguntei-lhe: ó caraças,

Que se passa contigo qu´ estás do caraças?

- Eu quero lá saber. Co´ este frio do caraças,

Nunca na vida m´ apanharão cá, caraças.

Pois, deixa lá ó Zé! – Deixa lá, o caraças,

Só volto aqui quando estiver um sol do caraças

E, se esta vida não fosse boa com´ o caraças

Não me veriam mais, ou não fosse eu o Zé Caraças!

Frassino Machado

In AS MINHAS ANDANÇAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/01/2015
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