Ode a bunda
 
Quanta poesia
Há nesse passar
Que mexe e remexe
Só no olhar.
Não falo só das grandes
Que levam ao desespero
Todo homem
Que causa destempero
Nos consomem
Também as tímidas
Bundas poucas
Num requebrar iniciante
Preciso me lembrar
Das outras,
Bundas aspirantes
Nos desfiles pelas avenidas
De vestidos, saias curtas
Ou compridas
Que andam soltas
Andam loucas por aí
E o que dizer das perfeitas?
Aquelas que olhamos
Contemplamos como num recital
Como tela em exposição
Que mais parece poema
De Drummond
Mas sei que não falei de todas:
As murchas, caídas
Gordinhas, exibidas
Do tipo tábua
Do tipo em casa esquecida
Também vaidosas, empinadas
Mas todas levam ao encanto
Sem causar espanto
Bundas predestinadas.
Ah! Quanta poesia
Há nesse ínfimo detalhe
Escondida sob panos
Malhas ou lingerie fino
Quantos suspiros causam
Ah! Quantos desatinos...


Ilustração: Google
José Benício
Enviado por José Benício em 15/01/2015
Reeditado em 15/01/2015
Código do texto: T5102339
Classificação de conteúdo: seguro