F I A S C O
Fui cego como um cão chegaria apenas pelo faro
Era a primeira vez que tinha recebido tal convite
Confesso me sentia inibido, mas festinha eu encaro
Chegaria com moderação até descobrir o limite
Logo percebi o fogo já ardia e a vontade me consumia
O olor era estonteante e entorpecia a cada instante
A mente viajava em fantasia, e a cada virada me retorcia
O tempo passava, o papo rolava, a espera era agonizante
Começamos com o “espocar” das primeiras latinhas
Nada como o álcool, bebericando e quebrando os gelos
E logo o clima irrompeu-se em piadas e gracinhas
E os momentos se sucederam entre risos sem atropelos
Meu olhar por alguns instantes nas coxas se perdeu
Torneadas, carnudas e de pele sem igual de brilhar cintilante
Eu as morderia lentamente saboreando esse momento só meu
Fartar-me-ia, lambuzar-me-ia nesta delícia de forma exuberante
Uma pescoçada mais ousada pude ver uma adorável maminha
De tons avermelhados, róseos, quase ao ponto, de ser devorada
Deu água na boca a ansiedade extravasava, mas eu me continha
Já me imaginava como um animal agindo de forma despudorada
Tinha chegado, enfim, o grande momento e não era sem tempo
Sentidos apurados, bocas ansiosas, as carnes ardendo
Linguiça, frango, costela, cupim, picanha, desculpem o fiasco
Mentes que se perdem na poesia de um simples churrasco.