TOMARA QUE SEJA ...
Entoando alegremente um hino a Baco
Entre as névoas que sua visão lhe permitia
pela estrada negra, asfaltada recentemente
cambaleante e flutuando, um bêbado seguia.
Não obstante a falta de equilíbrio
pelo excesso do néctar sugado,
carregava com ciúme e arredio
uma garrava debaixo do “sovaco.”
Era assim que ele em altos brados, dizia
quando se referia ao perfeito lugar,
onde esperto, escondia com maestria
o precioso líquido para mais tarde tomar.
Entre uma passada e outra um escorregão
mas nem caía nem largava a garrafa,
e embora fosse de encontro ao chão
se equilibrava protegendo a cachaça.
Era sua preciosidade mais cara.
Cara não pelo preço, mas apreço
àquilo que aquela garrafa carregava.
— “É minha e eu a mereççççooooo.”
E adiante, quase sem equilíbrio algum,
pisou de leve em uma folha na beirada.
Rolou pela ribanceira sem prumo,
chegando ao fundo todo sujo e ralado.
Ao sentir-se molhado e sem a garrafa
desesperou-se, embora um pouco exangue,
Desejou que o molhado não fosse a cachaça.
pensou depressa: “Tomara que seja sangue!”