TOMARA QUE SEJA ...

Entoando alegremente um hino a Baco

Entre as névoas que sua visão lhe permitia

pela estrada negra, asfaltada recentemente

cambaleante e flutuando, um bêbado seguia.

Não obstante a falta de equilíbrio

pelo excesso do néctar sugado,

carregava com ciúme e arredio

uma garrava debaixo do “sovaco.”

Era assim que ele em altos brados, dizia

quando se referia ao perfeito lugar,

onde esperto, escondia com maestria

o precioso líquido para mais tarde tomar.

Entre uma passada e outra um escorregão

mas nem caía nem largava a garrafa,

e embora fosse de encontro ao chão

se equilibrava protegendo a cachaça.

Era sua preciosidade mais cara.

Cara não pelo preço, mas apreço

àquilo que aquela garrafa carregava.

— “É minha e eu a mereççççooooo.”

E adiante, quase sem equilíbrio algum,

pisou de leve em uma folha na beirada.

Rolou pela ribanceira sem prumo,

chegando ao fundo todo sujo e ralado.

Ao sentir-se molhado e sem a garrafa

desesperou-se, embora um pouco exangue,

Desejou que o molhado não fosse a cachaça.

pensou depressa: “Tomara que seja sangue!”

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 30/07/2014
Reeditado em 08/08/2014
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