REUNIÃO PRODUTIVA (é assim)
A pauta era extensa,
Os autos em centenas variantes,
Vozes intermitentes,
Arautos reivindicando bravura.
Posto que antes, com tela escura
Já se falava de metas imensas.
O orador pede a vez:
Divergências apostadas,
Algo pouco mais que nada
Diz-se de efêmera conclusão
E, entre outros mais senãos,
Mãos nervosas sobre a mesa
Pedem mais clareza
E autoria de quem fez.
O tempo galopa sem ponteiros,
Os custos já custam mais.
Registram tudo escrito,
Que logo já proscritos,
Deixam papéis mudos.
Sentença do tanto faz,
Em olhares com dois sentidos,
Uma veio de vestido:
Peça parte do roteiro.
O final aponta os pontos...
Se por horas, quase parada,
Agora quer vencimento.
Quando não é o momento
Ouve-se uma piada.
E sem concluir mais nada
Marca-se próximo passo,
Repetindo velho compasso
Da adiada conclusão
E do escriba meio tonto.
Papéis, de café, manchados
Algum rascunho rendeu:
Parece que é o apogeu
Da função predestinada.
Agenda em punho sentencia
Disposição para mais destas,
É o ofício de aparar arestas:
- Não se esqueçam de registrar presença,
Pois tudo é protocolizado.