HOMEM DE COR
 
Quando eu nasci,
Nasci preto.
E a parteira exclamou,
“É um lindo pretinho senhor!”

O tempo foi passando,
E cada dia mais preto fui ficando.
E a mulher estrangeira falou:
“- Black is beautiful!”

Quando estou no sol,
Por vezes ouço alguém comentar:
"A imponente pele do preto é tão preta que a luz faz refratar."

Na ausência de calor,
A baixa temperatura,
Minha pele não sente.
No frio fica mais preta,
E meu sangue fica mais quente.

Frente à temida ameaça,
Minha pele fica mais pretra,
Pela intrepidez da raça.

Se caso fico doente,
Minha pele fica mais preta,
E o espírito mais resistente.

Quando eu morrer,
Minha pele continuará preta.
Como nascia, vivi e sou.
Pois, preta é a minha raça,
E preto é ausência de cor.

Você que é excludente,
Pensando ser o melhor.
Também não nasceu diferente,
E também vai virar pó.

A atração humana,
É o grande “X” do problema.
Quem tem a pele preta,
Sonha em ter uma branca.

Quem tem uma branca,
Quer ter uma morena.
Quando você nasceu,
Sua pele era rosada.
Mas ainda garotinho,
Você ficou branquinho,
E por fim ficou corada.

Quando ficas no sol,
Ou participa de bebedeira.
Sua pele fica irritada,
Encaroçada e vermelha.

A sua pele que é branca,
Fica mais branca nas coxas.
Com medo ela fica pálida,
E com frio fica roxa.

Doente fica amarela,
Com tremedeira e suador.
Ao morrer ficarás cinza,
Pálido e incolor

E com a maior cara de pau,
Você me chama homem de cor.


Bsb, 13/07/1980