O HOMEM QUE SONHOU BEIJANDO UMA ÉGUA
(Cícero Manoel)
Ontem à tarde eu encontrei
Meu amigo Zé Maria,
A mão dele eu apertei,
Botemos o papo em dia,
Algo que lhe aconteceu
Ele me contou e eu
Hoje comecei pensar,
Pois como poeta sou,
O que ele me contou
Em versos eu vou narrar.
Zé Maria me contou
Que num dia de invernada,
Foi pra casa e se deitou
Com sua esposa amada,
Na cama ele agarrou ela
E grudadinho com dela
Ele e então madornou,
Com a esposa agarrado,
Um sonho amaldiçoado,
O danado então sonhou.
Ele sonhou que estava
Passeando num cercado,
Enquanto ele passeava
Houve algo inesperado,
Uma égua no momento
Viu o coitado lá lento
E dele se aproximou,
Quando ele avistou ela,
Correndo se afastou dela,
Mas ela o acompanhou.
Numa cerca ele parou
E lá ficou encostado,
A égua se aproximou
Aí ficou do seu lado,
Ele então olhou pra ela,
E disse: Eguinha bela
O que você quer “com eu”?
A égua deu mais um passo,
Deu um relincho em compasso,
E veja o que aconteceu.
No rosto de Zé Maria
O focinho ela encostou,
Com medo o pobre tremia
E veja o que se passou,
Na boca do coitadinho
Ela grudou o focinho,
E deu um beijo colado
O animal não deu trégua,
E Zé com nojo da égua
Se defendeu enraivado.
Sendo beijado por ela
Ele inchou que só o “cão”,
Aí no focinho dela
Ele então meteu a mão,
O beijo a égua parou,
Aí o sonho acabou,
E Zé acordou-se irritado,
Viu a esposa chorando,
Com a venta toda sangrando
E o pau do nariz quebrado.
Aí ele perguntou:
- Mulher o que aconteceu?
A mulher pra ele olhou
E na hora respondeu:
- Você “tava” ressonando,
Eu peguei lhe abraçando,
Lhe dei um beijo colado,
Aí você se torceu,
Encheu a mão e me deu
Um tabefe condenado!
Zé Maria nessa hora
Pra ela o sonho contou,
Só que a sua senhora
Nele não acreditou,
A pobre passando mal
Partiu pra um hospital,
E ele saiu atrás dela
Tristonho se desculpando,
E a toda hora contando,
O sonho horrível pra ela.
(Sítio Ilha Grande, Santana do Mundaú-AL, 30 de janeiro de 2011)