Vejam só o meu azar!

Mulher que arranjei

É dura de entendimento

E só mais tarde reparei

No quanto eu me enganei

Pra meu grande tormento.

No princípio eram rosas

E meiguices sempre no ar,

Aos poucos foi se mudando

E o rabo para mim virando

Fingindo até ressonar.

Pra meu maior castigo,

Diz que não dorme comigo

Porque cheiro mal dos pés,

Mas eu acho que é desculpa

Por estar já meio maluca

Sempre a olhar-me de viés.

Manda-me fazer a cama,

Lavar roupa e cozinhar

E ainda afirma, põe-te fino,

Ouve bem ó meu menino!

Ou ainda vais amargar.

Vejam lá se isto é de gente,

Quando lhe dá um repente

E no meu corpo quer malhar.

Oh mulher má e estuporada

Rancorosa, de mente insana.

Tu que tanto me maltratas

Quando rosnas que me amas.

Vejam quanta ruindade

Naquele corpo que amei.

Burrices da mocidade

E dor dos coices que levei.

Por isso vos afirmo eu

E a este meu camafeu

Que não perde por esperar,

Qualquer dia pego em mim

Já que não a aguento assim,

Vou-me embora, vou desertar.

Lorde
Enviado por Lorde em 16/12/2013
Reeditado em 22/12/2013
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