O SEGURO MORREU DE VELHO
Tendo morrido o vizinho
Por certas razões bem tontas
O Malheiro, com jeitinho,
Depois de feitas as contas
Foi pedir o dinheirinho.
À família de mau feitio,
Seguindo sábio conselho,
Disse, em tom de desafio:
– “O seguro morreu de velho
Já lá dizia o meu tio”.
O vizinho, nada perro,
Disse-lhe com pertinência:
– Fomos todos ao enterro
Tenha lá mais paciência
Pois a nossa não é de ferro.
O Malheiro, desconfiado,
Perdendo toda a decência:
– O enterro está passado
Mas olhe que a Prudência
Já cá deixou o recado…
Antes que um Deus nos valha
Deixemos conversa fiada.
Esta memória não falha
Pois na semana passada
Deu-me um bigode na malha!
Da Prudência diz o Santo:
“Posso ser burro, mas não tanto!”
Frassino Machado
In LIRA BEM TEMPERADA