O SEGURO MORREU DE VELHO

Tendo morrido o vizinho

Por certas razões bem tontas

O Malheiro, com jeitinho,

Depois de feitas as contas

Foi pedir o dinheirinho.

À família de mau feitio,

Seguindo sábio conselho,

Disse, em tom de desafio:

– “O seguro morreu de velho

Já lá dizia o meu tio”.

O vizinho, nada perro,

Disse-lhe com pertinência:

– Fomos todos ao enterro

Tenha lá mais paciência

Pois a nossa não é de ferro.

O Malheiro, desconfiado,

Perdendo toda a decência:

– O enterro está passado

Mas olhe que a Prudência

Já cá deixou o recado…

Antes que um Deus nos valha

Deixemos conversa fiada.

Esta memória não falha

Pois na semana passada

Deu-me um bigode na malha!

Da Prudência diz o Santo:

“Posso ser burro, mas não tanto!”

Frassino Machado

In LIRA BEM TEMPERADA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/11/2013
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