O ATAQUE DAS CABAS-CEGAS
Fizeram de alvo
o primeiro pateta
que servisse de meta
para sua fúria cega.
Corri desesperado
atrás de proteção
com o coração
batendo disparado
e o cu na mão.
Ouvia suas asas
Perto dos meus ouvidos
e se não fosse tua casa
eu muito duvido
que tivesse me sobrado
pedaço vivo,
todo picado,
muito moído
vi teu rosto divertido
caçoando do meu pânico;
vai lá fora então
vê todo o transito
das malditas com ferrão,
crerá no que digo
mas não negue o aviso
quando se lançarem
e loucas dançarem
no teu belo corpo;
qual meu esforço
pra não arrancar o cabelo
quando da porta aberta
o dia claro e aceso
sem sinal das espertas,
procurei-as por honra
como quem zomba
do próprio erro
não vendo nada
foi difícil te explicar
e pedir pra ficar
por uma noite
e quando te foste
feito a lamina da foice
todas me ceifaram...
Só soubeste no outro dia
quando da agonia
da minha falta de resposta
leste no jornal a nota:
‘Hoje se enterra
o falecido poeta
morto num ataque
de cabas-cegas’.