Lingua malvada!

Não sou parco em palavras,

Antes, na sua articulação.

Enuncio-as bem preparadas,

Mas a minha língua diz que não.

Que vergonha que tormento,

Que língua tão preguiçosa.

Quando a sós me lamento,

Entorta na boca, a maldosa!

Numa declaração de amor,

Sai-me um som esquisito.

E ela fica com tal torpor

Que eu não falo, eu grito.

Quentinha e bem protegida

Que razão tens tu afinal.

Porque és assim presumida

Porque me fazes tanto mal.

Ranhosa, mal comportada,

É o que me apetece dizer.

Sua verme, mal-humorada

Que só sabes escarnecer.

Lambisqueira e atrevida,

Sim! És tu, língua malvada.

Vai, trabalha, dá uma mexida

E não dês tanta calinada.

Até já a pensei em cortar

Pois não me dá nenhum consolo

E depois de muito pensar…

Antes mudo do que parolo.

Lorde
Enviado por Lorde em 04/11/2013
Reeditado em 04/11/2013
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