El justiceiro se deu mal!
Na noite eis que se insurge
o doentio cavaleiro
exangue e quase sem dinheiro.
que pela rua vai, atento,
enfrentando todos os medos
anda sedento de justiça.
Sem qualquer bom motivo aparente
seu ser, emotivo, qual demente,
deixou-se enganar, indecente,
viu o filme “Desejo de matar”
e se tornou um justiceiro,
missioneiro vasculha a cidade,
procura nas ruas pelo o crime,
ao criminoso anseia punir
nas estatísticas influir.
Eis que se apresenta a oportunidade,
e um bando a fim de maldade,
pára a sua frente feroz.
“Quem vem lá?” diz o cavaleiro
“A sua verdade” responde o algoz,
que sem alarde domina a cidade.
E o cavaleiro cercado,
por um bando de dez malfeitores
viu-se presa de vil tibieza,
sentiu-se fraco, tolo, impotente,
simples toco flutuante ao sabor
das correntes e marés da vida.
“Vá passando a carteira, relógio,
sapato, capa, espada e calça,
passe também óculos e cueca”.
Ficou assim o nosso herói nu,
foi na polícia, oh, clemência,
fazer o seu boletim de ocorrência.
E, infelicidade, foi detido,
Sem direito à fiança, estupor,
Foi atentado violento ao pudor.