L.AS ALMOFADAS DO SENHOR DOUTOR OU "DE COMO UMA TAMPA DE LATRINA AGITOU A SONOLÊNCIA DO PLANALTO EM PLENO RECESSO DO CONGRESSO"
Muita atenção pessoa
Esta merece uma placa
O personagem central
É fino doutor da Embrapah
Ele não é dedo-duro
Muito menos canastrão
Mas sem querer aprontouj
Uma puta confusão
A nossa história começa
Na porta do elevador
Quando o chefão da Empresa
Encontra o dito doutor
Conversa vai, conversa vem
Subiram para um café
O papo estava animado
Era o Congresso da Sober
No gabinete do homem
Tudo estava um desalinho
Janela quebrada, poeira
Faltava até cafezinho
O chefe estava irritado
Com o serviço de limpeza
Quando o nosso personagem
Sem querer virou a mesa:
Se aqui isso acontece
Ora veja Presidente
Imagine o que se passa
Lá por baixo com a gente
Há três meses estou sofrendo
Quando vou para o banheiro
É que a tampa da latrina
Está rachada bem no meio
Agora Senhor Presidente
Veja que situação
Não sei se cago ou se grito
Com as dores do beliscão
As minhas pobres almofadas
Não suportam a dor profunda
É uma comichão danada
Não agüento, haja bunda
Que ultraje, não é possível
A Empresa, em peso reclama
Todo conforto aos técnicos
"Mens sana in bundere sana”
Deflagrou-se incontinente
Uma operação "surpresa”
Envolvendo muita gente
Sem precedente na Empresa
Foram lá em cima chamados
Chefes e xeleléus
Todos repreendidos
Até mesmo o coronel
Pelo progresso da ciência
E da pesquisa, com louvores
Que se preservem intactas
As bundas de nossos doutores
Com essa palavra de ordem
Deu-se a mobilização
Dos zelosos servidores
Para cumprir sua missão
Procura aqui, procura ali
Um zum zum zum sem conta
Vasculharam toda a Empresa
Em busca da dita tampa
Finalmente foi encontrada
A maldita aberração
Que por pouco não engrossa
O quadro de demissão
Foi arrancada com raiva
Trocada por outra, e tem mais,
Bem macia e tão ao jeito
Das nádegas doutorais
Maldita tampa, te esconjuro,
Agora temos sossego
As glúteas do doutor estão salvas
E nós temos nosso emprego
Com a maior eficácia
Completou-se a operação
E em menos de três horas
Acabou-se o beliscão
E o doutor todo contente
Durante a inauguração
Promete todo contente
Melhorar a produção
Sem beliscões na bunda
Tudo vai ser uma beleza
Retribuirei com juros
Para glória da Empresa
Nossa história aqui termina
Com a advertência final
Está provada a eficiência
De uma Empresa Estatal
Espero que os entreguistas
Tenham aprendido a lição
E acabem de vez com a onda
Da desestatização.
Brasília, 1980
Muita atenção pessoa
Esta merece uma placa
O personagem central
É fino doutor da Embrapah
Ele não é dedo-duro
Muito menos canastrão
Mas sem querer aprontouj
Uma puta confusão
A nossa história começa
Na porta do elevador
Quando o chefão da Empresa
Encontra o dito doutor
Conversa vai, conversa vem
Subiram para um café
O papo estava animado
Era o Congresso da Sober
No gabinete do homem
Tudo estava um desalinho
Janela quebrada, poeira
Faltava até cafezinho
O chefe estava irritado
Com o serviço de limpeza
Quando o nosso personagem
Sem querer virou a mesa:
Se aqui isso acontece
Ora veja Presidente
Imagine o que se passa
Lá por baixo com a gente
Há três meses estou sofrendo
Quando vou para o banheiro
É que a tampa da latrina
Está rachada bem no meio
Agora Senhor Presidente
Veja que situação
Não sei se cago ou se grito
Com as dores do beliscão
As minhas pobres almofadas
Não suportam a dor profunda
É uma comichão danada
Não agüento, haja bunda
Que ultraje, não é possível
A Empresa, em peso reclama
Todo conforto aos técnicos
"Mens sana in bundere sana”
Deflagrou-se incontinente
Uma operação "surpresa”
Envolvendo muita gente
Sem precedente na Empresa
Foram lá em cima chamados
Chefes e xeleléus
Todos repreendidos
Até mesmo o coronel
Pelo progresso da ciência
E da pesquisa, com louvores
Que se preservem intactas
As bundas de nossos doutores
Com essa palavra de ordem
Deu-se a mobilização
Dos zelosos servidores
Para cumprir sua missão
Procura aqui, procura ali
Um zum zum zum sem conta
Vasculharam toda a Empresa
Em busca da dita tampa
Finalmente foi encontrada
A maldita aberração
Que por pouco não engrossa
O quadro de demissão
Foi arrancada com raiva
Trocada por outra, e tem mais,
Bem macia e tão ao jeito
Das nádegas doutorais
Maldita tampa, te esconjuro,
Agora temos sossego
As glúteas do doutor estão salvas
E nós temos nosso emprego
Com a maior eficácia
Completou-se a operação
E em menos de três horas
Acabou-se o beliscão
E o doutor todo contente
Durante a inauguração
Promete todo contente
Melhorar a produção
Sem beliscões na bunda
Tudo vai ser uma beleza
Retribuirei com juros
Para glória da Empresa
Nossa história aqui termina
Com a advertência final
Está provada a eficiência
De uma Empresa Estatal
Espero que os entreguistas
Tenham aprendido a lição
E acabem de vez com a onda
Da desestatização.
Brasília, 1980