no salto, no batom e no Glos...
três drinques atrasado
o celular toca.
era aquela voz...
mais importante que tudo
(até) que comprar um vestido novo.
bah, para o começo do apocalipse!
Bahhhh!
só vou atender mais hoje...
(eu juro!)
afinal,
nem fui eu quem matou esse tal de silencio.
e amanhã,
tenho uma péssima memória
... e o celular idem.
depois,
compro uma passagem, e sumo.
(nunca tão perto... que possa atender de chinelos)
o mundo nem vai precisar da ONU.
Deus há de entender!
não atender, hoje em dia, é crime!
... ainda não dá cadeia.
(dá pra acreditar?)
mas... se passar pela mãe
é mortal.
(três tiros)
direitos de uma voz?
(nenhum)
e acaso alguém já imaginou
um humano depois de três drinques...
declarando guerra a um celular?
(aí só cortando relações)
pelo amor de Los Angeles
faço um orçamento de penitência
sozinha no banheiro, com a luz apagada.
retribuo em orações.
no salto, no batom e no Glos.
um lençol, um cobertor, uma Bíblia.
pelo meu ego e o de minha mãe...
vou viver acima de dez centímetros
do abismo de um celular...
mesmo que essa voz... saia aos gritos.
to pronta.