Filó e a Filosofia

Filó nasceu na Bahia,

Canela fina e dona de uma língua desalmada.

Deixa de lado a verdade ferida

Só pra ver a mentira amparada,

É dona da filosofia – vã – mas atarefada

Prescreve bom dia somente para quem lhe fala

E medica conselhos para mulheres geladas,

Chora por quem nada sabe

Ri – de quem tudo sabe,

“Deus, quiçá eu sei

Que a alma é do sinhô

Mas o corpo, deixa o demo encaminhá

De modo o meu preto lá do inferno esquentá

Eita falta faz um homem pra muié, meu Deus

E só não suplico ao Pai,

Pra este não deixá de sê difunto

E vir me perturbá!

Deixa Deus enfeitá o céu com anjinho

E gente sem graça

Que o diabo vai prepará festa todo dia

Com espeto de gente marvada!

A astúcia Deus num me deu não sinhô

Mas o diabo mandô encomendá...

Oxalá!”