A maior mordida
No dentista me deparo
Com triste, fatal resposta
Junto com os vis tormentos
Que sempre me apavoraram.
Abro a boca sem descanso,
Ele enfia todos os dedos
Sem pudor explora os cantos
Que ninguém ousou observar.
E descobre os muitos podres
Nos meus pobres, fracos dentes
Não tem jeito, só furando
Só burilando e arrancando.
E enfim, vem já com a conta
Dos milhares de reais
Que parece que, coitado,
Eu até bati com o carro
E se nem carro eu possuo
Poupe-me, oh louca vida
Para quê que quero eu dente
Se nem possuo a comida?