Subverteu-se a gramática
—Onde coloco a vírgula, poeta?
Posso apartar o verbo do sujeito?
—Pra escrever um texto sem defeito
terás que por na posição correta.
—E qual será a posição correta?
Pergunto eu a ele a contragosto.
—Pra isolar, da frase, o aposto.
Responde, com desvelo, o poeta.
Eu, aprendiz, com ares de pateta,
pus-me a virgular o mundo afora.
Aqui e acolá, a qualquer hora,
uma virgulação que se completa...
Até que finalmente, o poeta
vencido por tamanha teimosia,
licenciou de vez a poesia,
que há de perecer analfabeta.
Se ponho eu a vírgula, ou não:
dane-se a regra, viva a exceção!