ESSA CARA NÃO É MINHA
Ysolda Cabral
Amanheci triste, atrapalhada.
Cautelosamente me olhei no espelho...
Meu Deus que cara!
De cara pensei: essa cara não é minha!
Esfreguei os olhos – coisa errada, muito errada.
Nunca faça isso, pode romper à córnea.
Parei, olhei... Assustei-me!
Pois não é que a cara era a minha!
Sorri e covinhas não vi.
- Ò Poeta presta atenção na lira!
Ah, ira!
“Um gira-sol sem sol”
Aproximei-me do desalmado,
Quase a beijar a minha boca.
- Que coisa!
Estava tudo confirmado:
Nada de covinhas!
Cadê minhas covinhas...?
Sorri forçado...
Já disse que sorrir forçado,
É muito errado e causa dor.
Meu Deus que horror!
De repente dos óculos me lembrei
E a luz se fez...
Achei minhas covinhas!
Mas, pensando bem...
Será que essa cara é mesmo a minha?