Íngua
Tento a rima
dor amor flor
n'outra língua.
Esforço-me
e soy íngua.
Não vingam
os verbos
na brancura
das páginas.
Tenho os nervos
flácidos, frios
e tortos.
À míngua,
escrevo árvores,
pássaros, água
e pão.
Morre o poema
debaixo de chuva.
Cala-se a boca
sem pecados
e beijos.
Giram a mesa
e o mundo...
Movimentam-se
taças de vinho,
à espera de mãos
postas à mesa.