Íngua

Tento a rima

dor amor flor

n'outra língua.

Esforço-me

e soy íngua.

Não vingam

os verbos

na brancura

das páginas.

Tenho os nervos

flácidos, frios

e tortos.

À míngua,

escrevo árvores,

pássaros, água

e pão.

Morre o poema

debaixo de chuva.

Cala-se a boca

sem pecados

e beijos.

Giram a mesa

e o mundo...

Movimentam-se

taças de vinho,

à espera de mãos

postas à mesa.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 09/12/2012
Reeditado em 09/12/2012
Código do texto: T4026762
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