Canção do exílio
Minha vizinha tem um cachorro,
Que se chama Carijó;
Quando está muito feliz,
Balança o rabo cotó.
Não consigo mais dormir,
Com esse latido terrível,
Minha cara tem mais olheiras,
Minha rotina mais cansaço.
Em cismar, sozinho, à noite,
Quero matar esse totó;
Tenho vontade, mas não posso,
Matar o Carijó.
Em minha cama passo horrores,
Por causa do Carijó;
Em cismar –sozinho, à noite–
Penso que não estou só;
Minha vizinha tem um cachorro,
Que se chama Carijó.
Não permita Deus que eu venha,
A matar o Carijó;
Para desfrutar dos sonhos
Que não tenho com esse totó;
Eu ainda penso em me mudar,
Pra não matar Carijó.