“O SUSTO NO POTOCÓ”

Valdemiro Mendonça

Eu não queria montar no bicho

Mas a turma foi botando fogo,

Como era apenas brincadeira

Decidi de vez a entrar no jogo.

A moça segurava o cabresto,

Enquanto me sentava na sela,

Senti-me bastante imponente

Mesmo doendo à espinhela.

Comecei a gostar do folguedo

E do trote do pocotó já ligeiro,

Toquei o cavalo mais depressa

Já me julgando um vaqueiro.

Saí da trilha e entrei pelo pasto

Incitando o bichão a galope,

Ouvi a turma toda me gritando

Pensei, já estou é dando ibope.

Avistei a vinte e cinco metros,

A vala e penso que por erosão,

Esqueci que o freio era a rédea

E comecei a gritar com o bichão.

Em vez de parar ele acelerou,

Enquanto eu gritava meus ais,

Acho que o cavalo entendia

Que era para ele correr mais.

Eu gritava, páre bicho pocotó,

Mas quem disse que ele parou?

Na velocidade que ele vinha,

Por cima da valeta ele pulou.

Eu senti que estava era voando

Pensei, é agora que vou morrer,

Mas ele pousou do outro lado,

E o danado continuou a correr.

Um vaqueiro que estava no pasto,

Gritou alto e eu entendi o buchicho,

Puxei a rédea forte para ele parar.

Até entortei o pescoço do bicho.

Aí ele parou, mas freou de uma vez,

Eu voei de novo num salto nefasto,

Passei por cima da cabeça do bruto

E me arrebentei no meio do pasto.

Esta rindo? É por que não foi você.

Ainda tomei uma baita reprimenda...

Uma semana e ainda está doendo,

Nunca mais vou pra hotel fazenda.

Trovador.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 26/10/2012
Reeditado em 27/10/2012
Código do texto: T3953053
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