AMEI... DEMAIS...
Transformei a criatura,
Fiz sensíveis seus ouvidos,
Que de uma rapadura,
Fizeram-se tubos limpos.
E seus olhos, despercebidos
Atrás de um óculos “Ray Charles”,
Desviados e incompreendidos,
Não se os vê, nada transmitem.
As mãos, sem oração nem prece,
Viviam sendo comidas...
Unhas e peles lhe apeteciam,
Os dedos, eternas feridas.
E quando a tosse vinha,
Do bucho crescido, guardado,
Vomitava tudo o que tinha:
Macarrão, milho, virado...
E na atacada rinite
Está a defesa natural,
A garganta inflamada emite
Pavoroso som gutural...
E tudo isso que aqui narro,
Tem testemunho no catarro
Excluído pelo escarro,
Em qualquer local que estivesse...
Para almoçar, rejubilava,
Sabendo que ouviria onde
A faria dizer que me amava:
Leva-la-ia ao Mc Donald.
Também era fato marcante
E certamente freqüente,
A atitude deselegante
Do modo que palitava os dentes...
E o que com amor se parece,
No fundo é um conjunto de fatos
Que faz saber: permanece
O dependente e o ingrato.
Nos erros fundamentais de pessoa,
Faz-se o que se idealiza, e se imagina,
(Como é comum naquele que voa),
Alguma novidade além da vagina,
Só um poeta assim pensaria,
Suas sensações, pelo amor alteradas,
Fez que visse o que nunca veria,
Engrandeceu o que não era nada...