REMEDIADO
Meu pé não tem planta;
meu almoço, sem janta;
minha coca, sem fanta.
Meu vento não tem casa;
meu bule, sem asa;
meu fogo, sem brasa.
Minha matriz não tem praça;
meu sapato, sem graxa;
minha tampa, sem caixa.
Meu cachorro não tem perigo;
minha barriga, sem umbigo;
minha infância, sem amigo.
Minha porteira não tem menino;
minha viagem, sem Ouro-Fino;
minha tripa, sem intestino.
Minha chuva não tem pingo;
minha Páscoa, sem domingo;
meu fumo, sem cachimbo.
Minha aliança não tem dedo;
meu celular, sem torpedo;
minha fama, sem segredo;
Minha goiaba não tem bicho;
meu ouvido, sem cochicho;
meu saquinho, sem lixo.
Meu medo não tem cabo;
minha mentira, sem rabo;
minha horta, sem quiabo.
Meu peixe não tem aquário;
meu canto, sem canário;
meu negócio, sem otário.
Minha idade não tem janeiro;
minha dupla, sem parceiro;
meu quarto, sem terceiro.
Meu focinho não tem buço;
minha coisa, sem ruço;
meu dormir, sem debruço.
Minha água não tem moringa;
meu matagal, sem restinga;
minha velhice, sem rezinga.
Meu casamento não tem pedido;
meu poema, sem sentido;
minha mulher, sem marido.
*Minha amiguinha tocantinense, poetisa Niranete,
sempre atenta aos nossos textos aqui no Recanto,
descobriu este poema que estava bem escondido.
Seu gentil comentário me encorajou republicá-lo,
o que prontamente faço aqui:
sempre atenta aos nossos textos aqui no Recanto,
descobriu este poema que estava bem escondido.
Seu gentil comentário me encorajou republicá-lo,
o que prontamente faço aqui:
Meu pé não tem planta;
meu almoço, sem janta;
minha coca, sem fanta.
Meu vento não tem casa;
meu bule, sem asa;
meu fogo, sem brasa.
Minha matriz não tem praça;
meu sapato, sem graxa;
minha tampa, sem caixa.
Meu cachorro não tem perigo;
minha barriga, sem umbigo;
minha infância, sem amigo.
Minha porteira não tem menino;
minha viagem, sem Ouro-Fino;
minha tripa, sem intestino.
Minha chuva não tem pingo;
minha Páscoa, sem domingo;
meu fumo, sem cachimbo.
Minha aliança não tem dedo;
meu celular, sem torpedo;
minha fama, sem segredo;
Minha goiaba não tem bicho;
meu ouvido, sem cochicho;
meu saquinho, sem lixo.
Meu medo não tem cabo;
minha mentira, sem rabo;
minha horta, sem quiabo.
Meu peixe não tem aquário;
meu canto, sem canário;
meu negócio, sem otário.
Minha idade não tem janeiro;
minha dupla, sem parceiro;
meu quarto, sem terceiro.
Meu focinho não tem buço;
minha coisa, sem ruço;
meu dormir, sem debruço.
Minha água não tem moringa;
meu matagal, sem restinga;
minha velhice, sem rezinga.
Meu casamento não tem pedido;
meu poema, sem sentido;
minha mulher, sem marido.