TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO DE DRÁCULA

Como eu sou ansioso!

E pensar que um dia já fui normal,

Espontâneo, descontraído, natural...

Hoje amanheço agitado e anoiteço nervoso!

É a neurose! Esta víbora linguaruda que me cospe peçonha,

E me envenena, e me domina, e me faz passar vergonha!

Quanto mais me esforço para ser igual a toda a gente

Mais as manias fazem de mim um vampiro diferente!

Saio do meu frio castelo e vou caminhar no calçadão da praia

Numa linda manhã de domingo, debaixo do Sol que raia,

Com óculos escuros para esconder minhas olheiras profundas!

Que diabos! A obsessão me ataca quando menos espero,

E tenho que contar todas as sacolejantes bundas

Enquanto caminho! Tento parecer normal na multidão,

Não quero que ninguém perceba minha maldita compulsão!

E é aí, no clímax do transtorno, que me desespero,

Surge a sede sanguinária! Procuro uma carótida para morder,

Mas só encontro sangue anêmico e do tipo AB,

Este não me apetece, me provoca azia, náusea, tontura...

Prefiro sangue saudável e do tipo B,

Para satisfazer minha ânsia hematófaga, minha secura!

Ao cair da tarde, antes do anoitecer,

Retorno do passeio: língua avermelhada, respiração ofegante...

Deito no meu caixão depois de tomar um calmante,

Mas tenho que conferir dezenove vezes a fechadura da porta,

Viro e reviro a chave até a coitadinha ficar torta,

Cumprido esse ritual, aí sim! Consigo relaxar e adormecer!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 27/06/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3748491
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.