“SAPATEIRO”
Valdemiro Mendonça
Nos meus tempos de menino, pingo de gente
Isto faz tempo companheiros poetas, “era osso”!
Em cidade pequena, bobinho e pobretão, ô sina!
No trabalho tinha que ser felino forte e valente,
Se menino ajudante, depois sapateiro, já moço!
De manha à noite e bem tardão, fazendo botina.
O pior era o malfadado risco e destino indecente!
Carregar a pecha de ter chifre de carneiro grosso...
Tudo por que Maria Bonita do sertão em surdina,
Chifrando o pobre do sapateiro Jesuíno inocente,
Fugiu para a caatinga com o cangaceiro colosso!
Formando o rico casal famoso: Lampião e lamparina!
Neste tempo, “Maria Quitéria de Quintino Parente”.
Abandonou o marido: também sapateiro, “no poço”,
Para servir a Getulio e todos do batalhão carabina!
Mas o primeiro foi sobre o sujeito italianinho “renitente”
“Anita Garibaldi”. O Seu marido usava cheiro no pescoço,
Era da fauna dos bichinhos os da contra mão... “Menina”!
Também sapateiro, e do tipo bem franzino, e indolente!
Ai como é sofrido o serviço de um sapateiro, “tão insosso”!
Mas uma das pouco que um rapaz pobre podia ter de profissão
Por isto mesmo era respeitada, amada, conservada, divina.
Trovador.