"EMPREGO PARA VIGIAR GATO"
Valdemiro Mendonça
Ontem foi domingo e acordei cedinho.
O dia ainda começava com a alvorada!
Fiquei na cama esperando quietinho,
tentando ouvir o canto da passarada.
Bem te vi, pássaro preto e o canarinho,
O canário belga, uê... Belga, que nada!
Ouvi um simples chiado bem baixinho,
Depois silencio, no fim da madrugada.
Levantei-me presto e sai de mansinho,
sem barulho, abri a porta devagarzinho,
fui ver na varanda a gaiola pendurada.
Na bem pouca luz do quase amanhecer.
vi a cena da natureza que aqui eu pinto.
Um gato rajado enorme estava a comer,
O meu canário belga, ai como eu sinto!
Entrei na casa de novo, quase a correr,
peguei a espingarda com ódio, não minto.
Apontei para o bicho e disse: vai morrer!
Vou matá-lo seu maldito gato faminto,
e vingar o meu belga você nem vai ver.
Nem puxei o gatilho, pois, pude perceber.
Ia matar por vingança, ele o fez por instinto.
Ele matou por sentir fome, era um fato,
e mesmo com raiva, não o podia matar.
Ele fugiu ligeiro, bandeou-se para o mato.
Fiquei com a incumbência de vigiá-lo,
pois, o pássaro preto é um ótimo prato,
e eu tenho muito medo do gato voltar!
Durmo na varanda mesmo sendo chato,
Mas o outro pássaro ele não vai agarrar!
Vou pagando mico e bancando o pato,
um olho na gaiola e o outro no gato,
Mas o meu pretinho ele não vai pegar.
Trovador